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Thursday 3 November 2016

3 meses e meio de Vincent - Parte II (relacionamento com a Táta)

O chegada do Vincent veio alterar a nossa vida...ou melhor, a vida de todos nós nesta casa!



Uma das coisas que mais me perguntaram - desde que o Vincent nasceu - foi o relacionamento entre a Táta e o mano. Para vos explicar este relacionamento, eu não poderia - DE TODO - escrever três ou quatro linhas! Daí ter "nascido" este post!

Quando eu e o maridão decidimos ter um segundo filho, pensámos sempre na diferença de idades e do que seria ou não previsível de acontecer.

Eu tenho uma diferença de um ano e um mês da minha irmã e ele tem uma diferença de cinco anos do irmão. Eu sempre defendi que a proximidade de idades era melhor, até porque (e muito sinceramente) não me recordo da minha vida sem a presença da minha irmã...no entanto, no caso deles, a diferença de 5 anos, fez com que existisse um maior afastamento enquanto cresciam, até porque um já estava em idade escolar enquanto que o outro estava a aprender a andar.

Assim sendo decidimos entre nós que a diferença deveria rondar os dois ou no máximo três anos (por uns dias acabou mesmo por ser quase dois anos de diferença)...Decidimos assim até por razões de logística pessoal, familiar e de trabalho.

O quão enganada eu estava!
Não importa se a diferença são 2, 3...4 ou até 5 anos!
(podem, claro está, existir excepções à regra...nós até temos alguns exemplos...mas no nosso caso, não foi uma excepção à regra!)

A Táta não aceitou nem muito bem nem pouco bem o irmão. 


Não o aceitou e pronto!

Apesar de durante toda a gravidez ela ser bem amável e protectora da minha barriga....apesar de lhe termos explicado que vinha um mano a caminho, de a termos levado às consultas da midwife, de a pôr a ouvir o coração do irmão e de a termos levado a um scan 3D...o que é certo é que, quando ela entrou no hospital e me viu com ele nos braços não reagiu nada bem.

Durante as primeiras semanas foi muito complicado gerir este relacionamento...e confesso que algumas vezes até me senti "culpada" por ter decidido ter um segundo filho e a fazer passar por todos estes sentimentos e lutas interiores.

Na minha cabeça - durante este período -  ficou uma coisa que a conselheira de amamentação me disse enquanto um desabafo meu sobre o assunto:

"Imagina o seguinte: o teu marido, que tanto amas...aparece em casa com outra mulher e diz-te...Agora tens de amar esta pessoa! Como é que reagias?"

E eu fiquei a pensar que de facto isto faz todo o sentido!

Até aquele momento foi sempre ela e eu/ela e nós.
Todas as nossas atenções estavam viradas para ela...e de repente, passaram a ser divididas!

Não era estranho ela estar em choque...não era estranho ela não conseguir gerir tudo isto!


Um dos meus grandes apoios durante esses primeiros dias foi a presença da minha mãe, que mal ou bem, acabava por a entreter com outras coisas e tentava tirar-lhe a atenção da nossa atenção sobre o mais pequeno (se é que me faço entender).

Mas durante os primeiros dias foi difícil. Difícil ao ponto da minha filha não querer que eu amamentasse o irmão!

Quando lhe perguntava se queria pegar no irmão, ela respondia logo que "Não!" (ou então fingia que nem me estava a ouvir).
A distância que ela mantinha dele, era a que mandava o protocolo...a distância de uma mãe e uma almofada, como vemos na fotografia!

Foi uma fase complicada...mas como todas as fases da nossa vida, nada melhor do que o tempo...e o que é certo é que aos poucos ela foi aceitando a presença dele!

Há dias excelentes, outros bons e outros menos bons.

Nalguns dias até somos beneficiados por assistir a uns "tantruns" horrorosos...em que finge que chora como um bebé enquanto está de joelhos no chão...

Conhecem a Peppa Pig?
Ela tem um irmão, o George! Esse porquinho chora a toda a hora...e é esse tipo de choro fingido que a Táta adoooora fazer.
"Huuuuããããã, Huuuuuãããã!" 
Que coisa mais irritante, diga-se de passagem! Mas fazer o quê? Digam-me lá o que se faz nessas alturas?

Recordo-me quando ela o pegou ao colo pela primeira vez...
e recordo-me também nas lágrimas que derramei a pensar  

"Boa! Isto vai ser possível"



Quando a levamos para a cama, ela tem o habito de dizer "bye bye pai, bye bye gato, bye bye avó...etc" e recordo-me também quando ela FINALMENTE, à bem pouco tempo, o inseriu também na lista.
Agora o "Bye bye mano" já faz parte do ritual e sai-lhe da forma mais natural possível.

Já lhe dá festinhas (algumas mais brutinhas, naquele jeito delicado dela),
Já lhe dá beijos...
Já pede para o pegar ao colo...

Assim que acorda, vai logo ao nosso quarto, a dizer "o mano tá óó"...

Cada vez que lhe mudamos uma fralda, ela também quer ajudar...e depois faz-nos a descrição anatómica dele "O bigo do mano, o niniz do mano, ozólhos do mano, a boca do mano, a mão do mano, o pé do mano, a oêia do mano"...e o que mais lhe apetecer do mano.

Decidimos ainda que ela precisava (e eu também) de um tempo nosso.
Eu e ela,
Só nós, como antigamente!

Assim sendo, todas as semanas, temos pelo menos duas sessões de open play no childrens center aqui da zona e uma aula de natação.
Estes momentos só nossos, melhoraram bastante o ambiente familiar e a estabilidade dela!

O que é certo, é que nestes 3 meses e meio, esta luta interna está a acabar.

Ela já entende que ele existe, está cá e que não vai embora!

E como se costuma dizer..."Se não os podes vencer, junta-te a eles!"






 




Com amor,

IE

4 comments:

  1. Eu acho que tive mauita sorte!O G nunca rejeitou o irmão (têm três anos de diferença)Logo no hospital apesar de não lhe querer tocar esteve sempre perto dele e depois quando viemos para casa, durante cerca de duas semanas basicamente ignorou-o. Mas nunca mudou comportamentos ou regrediu como sempre ouvi dizer e sempre que lhe perguntavam se estava contente ele dizia q sim e sorria embevecido a olhar para o pequenino. Ainda durante o primeiro mês de vida do M começaram os abraços e beijos e a ajuda, muita ajuda. Hoje sempre que os vejo a brincar ou a abraçar-se emociono-me. Há poucas coisas melhores ;)

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